Katarina considera a relação entre a tecelagem de kilims e a alvenaria de tijolo interessante, uma vez que ambas dependem de materiais naturais como a lã e a terra, ao mesmo tempo que seguem uma progressão linear semelhante da base para o topo, resultando numa matriz graficamente comparável. O design do chão de tijolo baseia-se na análise dos tapetes sérvios tradicionais e na incorporação dos seus padrões geométricos e decorações. Este processo vai permitir à artista experimentar diferentes tamanhos, formas e tonalidades dos tijolos, ao usar todo o conhecimento e tecnologias disponíveis no Telheiro da Encosta do Castelo para atingir o efeito desejado
Recentemente, Katarina interessou-se profundamente na arte tradicional da tecelagem dos tapetes kilims na Sérvia. Estudou técnicas, decorações, e os propósitos por de trás destas criações. Um dos aspetos mais distintos dos tapetes sérvios é o uso de padrões geométricos, que muitas vezes representam boa sorte, bem-estar e prosperidade. Tendo em conta a sua significância, estes kilims são muitas vezes mantidos como amuletos das casas ou oferecidos como presentes. O que fascina mais a artista relativamente a estas técnicas de tecelagem é que oferecem a estes tapetes o mesmo design dos dois lados, tornando-os conhecidos como “kilims de duas caras”.
De acordo com um ditado antigo, estes tapetes podiam ser usados até 200 anos – os primeiros 100 anos com uma das faces do tapete para cima, e os 100 anos seguintes com a outra face.
Historicamente, a tecelagem era considerada uma profissão masculina, mas ao longo do tempo ficou associada predominantemente às mulheres. Em contraste, a construção tem sido considerada uma profissão masculina, mas muitas mulheres estão agora a anetrar nesse território. Na Sérvia não é do conhecimento geral de que no passado as mulheres eram responsáveis por manter os rebocos nas casas de terra. O projeto procura combinar estes papéis de género tradicionais de forma a explorar semelhanças entre tecelagem e construção com materiais naturais.
Ao mesmo tempo que a artista está interessada em aprender e experimentar com os tijolos cozidos, também tem curiosidade em explorar a área de Montemor-o-novo e colecionar pigmenteos que podem ser usados para criar uma palette única para tijolos adobe. Ao adicionar recursos locais disponíveis como a cal ou freixo, é esperado que se crie uma gama de cores que possam refletir a paisageme envolvente.
Quer sejam usados os tijolos cozidos ou secos, o chão será construído sem o uso de cimento. Em vez disso, os tijolos vão ser dispostos numa camada de areia.
A artista crê que os objetos feitos à mão estão profundamente ligados à comunidade, aos recursos locais, à tradição e ao trabalho artesanal. Este tipo de objetos têm como intenção durar e serem valorizados na transmissão de histórias.
A apresentação do resultado da Residência artística, vai acontecer na sexta-feira, 6 de Outubro às 18h no Convento de S. Francisco.
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