“(…)Y esa niña de largos silencios volaba tan alto que,
mi mirada quería alcanzarla y no la podía ver.
La paraba en el tiempo pensando que no debería crecer,
pero el tiempo me estaba engañando mi niña se hacía mujer. (…)”
Julio Iglesias, “De niña a mujer”
”
FEMINA, de Ana Cruz & Maria de Betânia, é um convite a uma experiência exploratória do universo do sentir feminino – sim: do sentir e não do ser. Esta diferenciação é de extrema importância, pois aqui vamos espreitar pela fechadura do quarto de uma Rapariga, tendo acesso ao seu íntimo interior por uma nesga de luz branca, sem que esta esteja presente.
Esta “Rapariga” não é alguém, é algo. É uma coletividade constituída por todas as raparigas que têm a idade das suas mães quando estas as levavam à escola primária mas que não seguem este modelo feminino por elas deixado em herança. São raparigas que não se deviam chamar de raparigas mas sim mulheres; que estão a viver num limbo, uma espécie de 2º estádio da puberdade, no qual a maturação (atenção: não confundir com maturidade) vem, não através de pelos, protuberâncias ou desejos surpreendentes inconscientes, mas através de…
A dupla expõe assim as suas reflexões sobre as memórias e sonhos menineiros num Portugal de interior, nos anos 80-90 povoado de pequenos póneis, misturadas delicadamente com os jogos da cabra cega, os joelhos rasgados, as cabeças abertas e outras feridas tão típicas da idade adulta.
FEMINA trata do sentir feminino sobre a passagem do tempo demasiado célere e marcante e dos travões que teimamos em acionar. Para não deixarmos morrer de vez a Menina – apesar de nunca permitirmos que viva a Mulher. “
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